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ARTHUR ACCIPITER

   O reinado de Arthur Accipiter, “O Verdadeiro”, começou de forma turbulenta. Após a derrota do tio, o sobrinho desejava perseguir e punir seus antigos aliados, o que poderia iniciar uma nova guerra civil. Aconselhado por seu sogro, o regente de Maror, o jovem imperador abandonou a ideia, mas exigiu que as famílias que apoiaram Steiner doassem parte de suas riquezas para o abatido tesouro imperial, medida que foi rapidamente aceita pelos nobres que ajudaram Steiner. Todos desejavam evitar uma nova guerra e as severas punições que Arthur poderia lhes infligir. Embora Arthur clamasse por vingança contra os nortistas e esboçasse forte desejo de terminar a unificação de Dascre, seu sogro e tia a todo momento convenciam o jovem de que a guerra deveria esperar, de que nem a coroa ou o exército imperial estavam prontos para uma batalha de grande porte, por isso o violento imperador esperou alguns anos até que pudesse regressar para o campo de batalha.

 

   Após seis anos do fim da guerra civil Arthur não pôde mais ser contido. Conclamou seus vassalos e esboçou o plano para tomar a enfraquecida Candes, que há poucas semanas vivenciara uma insurreição contra a cidade sinfia de Ecarne. Através de sua ajuda para tomar a cidade e expulsar os sinfios da região, os nobres candistas deveriam jurar fidelidade ao imperador. Embora alguns temessem essa subordinação aos Accipiters, o ódio aos sinfios e a incerteza de vencer a cidade sozinhos moveu a nobreza para o lado imperial. Contando com o apoio imperial e com as defesas inimigas enfraquecidas, Ecarne foi tomada. A última posição sinfia em Dascre ruíra, e o Reino de Sinfia, ainda enfraquecido, só lhe restou aceitar a derrota. Com Candes anexada, Arthur se dirigiu à Terra da Prata, visando suas incontáveis minas de prata e demais minérios. A resistência na região foi leve, a cidade de Vepka e seus vassalos ainda travaram uma luta contra as forças imperiais no Monte das Cem Grutas, mas o superior exército imperial não tardou em alcançar a vitória. Após o triunfo, as demais cidades da região se curvaram ao imperador sem resistir. Apenas o Norte continuava independente e Arthur mal podia esperar para tomá-lo.

   O imperador preparou seu exército para a batalha final contra os nortistas. Todos sabiam que a campanha seria longa e difícil e que seria necessário mais tempo para reunir uma tropa que fizesse frente aos guerreiros nortistas, mas Arthur não ouviu. Reunindo um contingente de vinte mil homens, Arthur invadiu o Norte através da cidade de Vepka, seu objetivo era tomar as cidades de Kisner e Loner, grandes centros agrícolas que alimentavam a região, antes de seguir para a capital do Norte, Kodne.

 

  A primeira batalha entre imperiais e nortistas aconteceu nos Campos Verdes, uma pequena força de lonerios entrincheirados resistiu durante algumas horas contra o exército invasor. A fácil vitória elevou o moral das tropas, entretanto, aqueles homens eram apenas uma distração. Uma força maior, reunindo soldados de várias cidades nortistas, atacou o grupamento que ligava o exército de Arthur e Vepka. A retaguarda protegida por poucos homens foi rapidamente vencida, isolando o imperador. Cercado em território inimigo, os principais comandantes clamavam pela retirada através da floresta das Tribos Selvagens, mas o Accipiter tomado pela fúria ordenou que o ataque continuasse. Antes de chegar a Kisner, um novo exército esperava pelos imperiais, esse maior e com ordens de por fim a invasão. Após uma longa e árdua batalha os imperiais foram derrotados. Mesmo as chamas de Fobras não conseguiram mudar o resultado da batalha. Com milhares de seus homens mortos e suas principais posições e provisões capturadas Arthur ordenou a retirada do Norte. Rumando em direção à Candes, os nortistas tentavam evitar a fuga com ataques rápidos de cavaleiros e arqueiros. Sabendo que o principal alvo daquelas investidas era Arthur, um número significativo de nobres e soldados abandonou o exército para escapar com vida da região. Após dias e noites de fuga, os sobreviventes chegaram à Candes e à segurança de seus domínios. Sem querer arriscar seus soldados em uma guerra total, o rei do Norte ordenou que suas tropas fossem contidas e voltassem para posições defensivas. A humilhante derrota custou a vida de milhares de homens para o exército imperial, além da vergonha que Arthur teve de assumir. Ao regressar a Rivos, Arthur ordenou que os nobres e soldados que lhe abandonaram fossem presos nas masmorras ou mortos, uma ordem que embora aceita pelos demais vassalos foi vista com maus olhos devido a sua extrema severidade. A derrota não trouxe só humilhação para Arthur, mas também a doença. Passadas algumas semanas de seu retorno, o Accipiter adoeceu. A estranha doença era desconhecida para os médicos que não sabiam como curar o líder, apenas amenizar os sintomas e prolongar um pouco mais sua vida. Os anos que se seguiram forçaram o imperador a comandar Dascre de maneira reclusa. Esse período foi de relativa paz e tranquilidade. A morte de Arthur não trouxe grande rebuliço a Dascre, afinal seu filho não era grande devoto da guerra.

   O reinado de Arthur Accipiter durou dezenove anos e foi marcado por fases bem distintas. O início foi promissor e revelou a força da personalidade de um jovem que também sabia ouvir seus conselheiros. Em seguida, traçou um caminho de ambição e vingança contra seus inimigos, que quase provocou uma nova crise no Império. No fim de seu governo ocorreu uma era de paz "forçada" que serviria para preparar Dascre para as futuras batalhas.

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