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DIGON ACCIPITER

   Digon Accipiter, “O Libertador”, foi o primogênito de Wilam e o prometido para se casar com a filha do regente de Dira. Quando o acordo foi firmado, o jovem príncipe possuía 10 anos e sua pretendente, apenas 8. Para que a aliança entre os dois reinos se desse o mais rápido possível, o casamento aconteceria dois anos após o pacto. Tempo suficiente para a princesa se despedir da família e amadurecer. A união precoce dos nobres ajudou a aproximar os jovens que, com o passar do tempo, se tornaram inseparáveis. Com o avançar da doença do pai, Digon muitas vezes tinha de participar de encontros e cerimônias diplomáticas em seu lugar, fazendo com que o príncipe tivesse a mente e o coração mais abertos com relação aos vários reinos dos continentes, especialmente a Diamantina, lar de sua esposa.

  

   A coroação de Digon não reuniu apenas seus vassalos, mas vários nobres de outras terras que compactuavam com a ideia de uma Dascre unida. Entre eles, a aristocracia de Lemar, região que fora invadida e subjugada há muito tempo pelos sinfios e que desejava sua independência. Entretanto, os lemarianos não tinham força para expulsar seus invasores, buscando o apoio de Digon Accipiter. O jovem imperador aceitou o pedido, mas, em troca de seus exércitos, os nobres de Lemar deveriam jurar lealdade ao Accipiter, o que rapidamente foi aceito. Embora os Accipiters já tivessem realizado alguns massacres em sua história, nada se comparava a brutalidade sinfia, acostumados a dominar outros povos e a ter um antigo sistema de escravidão. Os lemarianos sofriam nas mãos dos conquistadores, sua religião era proibida, suas casas invadidas, se o representante do Fathari assim quisesse, e muitas vezes os lemarianos eram escravizados, algo impensável em Dascre. Desesperados, os lemarianos, finalmente, poderiam se libertar de seus invasores.

  

   Digon reuniu seus exércitos sabendo que combateria o maior inimigo que seu povo já enfrentara. Enquanto o imperador liderava a incursão terrestre, a frota imperial era liderada por Handler Bliubol, um experiente capitão ilhéu, o objetivo era impedir que reforços sinfios chegassem pelo Mar das Dunas. A batalha por Lemar se deu em Alucaz, a mais importante e mais bem guardada cidade da região. Ambos os exércitos apostavam tudo naquele confronto, se os sinfios caíssem teriam de regressar para a Terras das Montanhas, região também dominada por eles. Mas se Digon falhasse, as hordas estrangeiras poderiam invadir a Diamantina e o resto do continente. A Batalha da União, marcaria o destino de Dascre.

  

   A Batalha da União marcou o primeiro embate entre sinfios e Accipiters. O confronto mobilizou cem mil homens, tanto em mar quanto em terra, e durou oito dias seguidos. Mesmo com o apoio de Fobras, a disputa foi árdua. Incontáveis soldados de ambos os lados morreram. A população da cidade foi massacrada, o fogo consumiu quase metade da metrópole, mas a longa batalha daria a vitória aos Accipiters. Após perderem Alucaz, os poucos sobreviventes sinfios rumaram para Miravel para tentar uma última resistência. Entretanto, esta já estava ocupada por tropas da cidade de Rofler. Os montanheses há décadas resistiam a invasão sinfia na Terra das Montanhas, tendo como divisor entre áreas livres e conquistadas o burgo de Maror. Como parte da ajuda para expulsar os estrangeiros das regiões, o exército de Rofler deveria capturar Miravel, impedindo qualquer fuga de sobreviventes. Com a libertação de Lemar, Digon se voltou para a Terras das Montanhas, a qual também fazia parte do plano original de expulsar os sinfios. Entretanto, a disputa na região foi ainda mais desafiadora.

 

   O terreno irregular e as várias baixas nos exércitos imperiais, na batalha por Lemar, prolongaram por anos a guerra na Terra das Montanhas. Os sinfios não estavam dispostos a perder outra colônia e Digon não pretendia abandonar seus aliados. Após quase uma década de confronto e milhares de mortos, Nase, o último bastião sinfio na Terra das Montanhas, foi tomada. A união entre as várias regiões de Dascre contra um inimigo comum provou que o sonho de Wilam poderia se tornar realidade. Entretanto, Digon não veria isso. Em uma comemoração nos salões de Rofler, "O Libertador", como Digon era chamado, foi envenenado, vindo a falecer em instantes. Não havia dúvidas sobre quem fizera aquilo. Os sinfios, em busca de vingança, colocaram veneno de escorpião no cálice de vinho do imperador, alertando aos inimigos o que acontecia com aqueles que os desafiavam. Entretanto, a morte de Digon não causou medo, mas raiva, todos respeitavam e amavam "O Libertador". A forma covarde com a qual sua vida foi interrompida serviu para unir os vassalos dos Accipiters sob uma nova bandeira: Destruir o Reino de Sinfia.

 

   O imperador Digon Accipiter governou por doze anos, a maior parte desse tempo em combates. Entretanto, seu curto governo uniu as várias casas nobres num mesmo objetivo, a união de Dascre. Algo que antes era visto como uma ambição egoísta agora se moldava como um ideal para a paz e a liberdade de Dascre. Apenas um temível inimigo se colocava contra essa finalidade.

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