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DIGON II ACCIPITER

   Após a morte de Arios IV Accipiter, seu primogênito, Digon II Accipiter, “O Ardiloso”, ascendeu ao trono. Um jovem de mente brilhante e ambição maior ainda. Antes de assumir o trono, Fatios Sabelo e Sir Alfonso Sedrio se aproximaram do jovem para convencê-lo a iniciar uma nova guerra contra os sinfios para vingar as mortes de seu avô, de seu tio e de vários outros homens fiéis à coroa. O jovem príncipe, rapidamente, se inclinou às ideias dilonistas e após sua coroação cercou-se de cavaleiros e nobres que abraçavam esse pensamento. Os pacifistas, que se colocavam contra o descumprimento do tratado de paz, tentaram de todas as formas impedir o ataque, mas Digon II não lhes deu ouvidos. O imperador reuniu centenas de navios nos portos da Terra das Montanhas, com o objetivo de destruir a frota sinfia e assim se apoderar do Mar das Dunas e da Ilha de Cílica. Entretanto, o Fathari também estava pronto para a guerra e, para surpresa dos dascreanos, o Reino de Sinfia tinha o apoio de um dragão de água, Marne. A aterrorizante arma não intimidou Digon II que tinha um plano para a vitória absoluta.

   A armada imperial ancorou em um estreito, entre a Ilha de Cílica e a Terra das Montanhas, esperando que a frota sinfia liderada por Ralih Traharis viesse para a batalha. Enquanto isso, Fobras deveria enfrentar Marne e levá-lo para os pântanos vermelhos em Cílica. Comandando as embarcações de Dascre estava lorde Felipe III, um diamantino, senhor de Garindir e um dos homens mais próximos da coroa. Mesmo em menor número, a armada conseguia lutar de igual para igual, atraindo cada vez mais navios inimigos e juntando-os naquele pequeno estreito. Fobras, apesar das dificuldades, levou seu adversário até o ponto indicado. A armadilha estava pronta. Subitamente, uma segunda leva imperial com menos navios contornou Nase e atacou a retaguarda, cercando a frota adversária. Sem perceber, os sinfios entraram em um buraco sem saída. Cercados e atacados por todos os lados, a esquadra de Ralih foi destruída. Enquanto isso, a cilada nos pântanos vermelhos se realizava. Antes da batalha centenas de barris de óleo foram derramados naquelas águas e quando Fobras lançou suas chamas todo o pântano se tornou um reino de fogo. Em desvantagem e queimando vivo, Marne caiu. Naquele dia, tudo apontava para uma vitória sinfia, mas Digon II em nenhum momento temeu uma derrota. Seu plano acabou com a principal arma inimiga e com quase toda sua frota. O imperador, então, ofereceu um novo acordo para que as Terras do Sol não fossem invadidas. Como principais pontos de negociação estavam o pagamento de tarifas para que os navios sinfios atravessassem o Mar das Dunas, o ressarcimento ao tesouro imperial dos gastos nas outras guerras, o ajoelhar do Fathari perante Digon II e o fim da escravidão. Diante das duras sanções, os sinfios negaram sua rendição. Sem demora, Digon II atacou Hanari, mas apenas os homens livres e ricos foram mortos, os escravos e pobres estavam livres para fazerem o que quisessem. Até uma parte do tesouro e das armas do exército foram dadas para eles. Com essa última ação, Digon II retornou para Dascre. Seu plano nunca fora tomar as Terras do Sol, mas destruí-las. Após o ataque em Hanari e a humilhação que a frota sinfia sofrera, revoltas de escravos e de povos dominados se espalharam por todo o Reino de Sinfia com o apoio distante de Digon II. A Terra das Mil Tribos, como também era conhecido aquele território, começava a ruir e o Império Accipiter não perdia nada com isso.

   O retorno a Dascre não foi como Digon II esperava. Os pacifistas o criticavam dizendo que aquela guerra para nada servira, enquanto os dilonistas insistiam que o exército imperial invadisse as Terras do Sol, mas o imperador tinha outros planos. Em sua visão, estava na hora de colocar os reinos restantes de Dascre sob a coroa, para tal uma expedição foi montada para tomar Mountrum. Devido ao poder superior do exército imperial, a maioria das cidades se rendeu antes da batalha, com o intuito de preservar suas terras, apenas a cidade de Marcro resistiu. Localizada na Cordilheira, o lorde local usaria das várias passagens secretas para atacar e derrotar os imperiais, mas Digon II não caiu na armadilha. No lugar de atacar diretamente a fortaleza, o imperador esperou durante meses à frente das montanhas, até que suas tropas especiais estivessem em posição. O regente de Marcro e seus comandantes ficaram atentos apenas aos soldados acampados ao pé da montanha, enquanto secretamente toda a noite uma brigada especial de Rofler seguia pelo caminho mais longo e mais perigoso até a retaguarda da cidade. Quando este destacamento invadiu a fortaleza, o caos se iniciou e o exército imperial pode chegar até o portão principal sem sofrer baixas. Embora quase todos os homens de Rofler tenham morrido, a cidade foi tomada e usada a partir daquele dia como símbolo da genialidade de Digon II. Com Mountrum anexada, o imperador retornou para Rivos sob a glória da vitória. Durante os anos seguintes ele arquitetou e manipulou diferentes grupos: as revoltas nas Terras do Sol, as disputas pelas minas na Terra da Prata, o assassinato do rei do Norte e as disputas entre os lordes de Candes e a cidade sinfia de Ecarne. Tudo foi guiado por Digon II para enfraquecer seus inimigos. Com todo o caos que viviam as regiões ainda independentes era uma questão de tempo até que Digon II as dominasse, entretanto, o imperador não o teria. Em uma viagem às Terras das Montanhas para arranjar o casamento de seu segundo filho com a filha do regente de Maror, o imperador Digon II foi envenenado e acabou sucumbindo. Embora muitos pensassem que aquilo fora uma retaliação sinfia, o verdadeiro assassino fora o próprio irmão Steiner Accipiter que, em sua busca de poder, colocou o império na pior situação possível naquele momento, uma guerra civil.

   O imperador Digon II governou por vinte e dois anos. Sua excelente mente estratégica e seus planos audaciosos ajudaram a derrotar o maior inimigo do império e a enfraquecer as demais regiões longe de seu poder. Caso tivesse continuado a reinar, toda Dascre o chamaria de imperador.

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